antídoto do Lat. antidotu < Gr. antí, contra + dotós, dado como remédio s. m., substância susceptível de neutralizar o efeito nocivo de um veneno; contraveneno.
quinta-feira, 26 de novembro de 2020
A faca, ou corte raso.
Corte
Sangue
Língua
Sabor
Vida
Lista
Lembrei!!!
Faltou comprar cebola e sabão em pó.
Verdades obliteradas
Quero saber de tudo isso agora,
Pra que eu saiba se te amo de verdade,
Ou me acovardo e assim me vou embora.
Quero sentir entrar os teus punhais, sem demora,
Para que eu sangre e expie em realidade, ou até te ame,
Ou simplesmente, e para sempre então, te jogue fora.
Eu profundo e outros eus.
Eu, verso profundo
de mim mesmo.
Qual a boia perdida no mar,
sinalizando aos barcos,
a esmo.
Eu, abismo profundo,
jocundo,
imundo.
Como um verso Raimundo,
Porém o dono do mundo,
e de algumas rimas fracas.
Daquilo que éramos feitos.
Subtraindo o todo que os circundava, os corpos, as vidas, seus passados,
seu erros e acertos, suas idades ou mesmo suas cores. Tirando tudo o
que os faziam humanos; uma mulher e um homem, tudo que sobraria era a
essência. E esta era o amor, diriam. Cada um era para o outro um porto
seguro de chegada e nunca de partida, ou ao menos deveriam ser ou ter sido. Mas não
foram, nunca foram. Nem ele, nem ela. Ele virou um furacão, ela um maremoto. E juntos
destruíram tudo de bom que existia.
Entre eles.
Entre a vida.
Os corpos, seu erros...
Destruíram
a mulher e o homem. Tudo o que sobrou foi a essência dos dois. Mas isso
eles já não viam mais. Isso não importava mais.
Nem a ela,
E depois, nem a ele.
A mulher e seus brinquedos.
Inventário.
Minha coleção de desafetos,
Um poema que é rimado,
Outros dois que são processos,
Um saquinho de cartas queimadas,
Meu album de fotos rasgadas,
Sem rostos de namoradas.
Meu livro inacabado,
Tres canções não começadas.
Uns tantos projetos frutados,
Algumas piadas sem graça
Um amor de juventude.
Cinco promessas quebradas
Uma receita esquecida,
E a minha memória apagada.
sábado, 14 de novembro de 2020
sexta-feira, 13 de novembro de 2020
Ela.
Um dia, no meio da noite,
Ela há de chegar,
E entre sussurros e gemidos
Ela te chamará.
E eu, deixado de lado,
Suplico um pouco de ti.
Não vá, e tu fostes,
Correndo pra longe de mim.
E chegará outra vez o momento,
De minha cama partilharás,
Não minha doce senhora,
Ele aqui não mais está.
Pedaços que não mais se colam
Colados tantas vezes pela dor,
Maldita palavra é esta,
Rimando onde houve amor.
Meus cacos perdidos no tempo,
Lembranças de um amanhã findo,
Passado de tantos olhares,
Teu corpo, meu deus, era lindo.
E se nunca existiu Adriana,
Tampouco correu Narizinho,
As filhas que nunca tivemos,
E eu sigo a vida sozinho.
A tua alegria me encanta,
E é ela o que eu admiro,
Te olho de longe, na praça.
Sofrendo calado sorrio.
sexta-feira, 6 de novembro de 2020
Eu sou tua TUDONA!!!
Sou o teu macho,
Serei tua fêmea,
Eu vou ser tudo
O que precisar.
Sou teu amigo,
Serei marido,
Eu serei aquilo
Que imaginar.
E toda noite,
Serei teu porto,
Onde meu barco,
Vem se aninhar.
quinta-feira, 5 de novembro de 2020
Arguição
Pergunta simples do dia.
Quantos amores tivestes
que te falavam em prosa,
Depois te amavam em poesia?
A maldição do Vale Negro
Entre montanhas sombrias
Perco meu senso, vem perigo
Deixo-me solto, em risco
De onde não há retornar.
Penetro sua escuridão
Encontro minha luz lá perdida
O que é amor? Só partida?
Despedida, e não voltar?
Mergulho em teu vale negro
Sôfrego vou, me deleito,
Bebo tua fonte, teu leito,
Saudade, dói respirar.
Esse negror infinito
Puxa-me um útimo suspiro
Estraçalha tua gravidade
O meu pobre coração
E tuas estrelas afiadas, sorriem
Ao longe, em escuro mistério
Ah, Dionysos como quero.
Perder, perder-me, ceder.
Bang-bang
Ela atirou,
Bang-bang.
Duas vezes
E me acertou.
Bang-bang,
E eu respondi.
De raspão, ela disse.
Era meu todo esse sangue?
Nesse duelo ao luar,
Saco palavras do coldre,
Bang-bang,
Ela acerta sem mirar.
Esse nosso yn-yang
Sempre tão desencontrado,
Viro rápido, ela é rápida.
Bang-bang!!!
Tudo está por fim acabado,
Ou era começo?
E outra vez amar.
Primeiro olhar
A primeira vez
Que a vi
Foi outro dia
Pois quando olhei
Ela sorria.
A segunda vez
Não houve
Nunca tornei
A lhe encontrar
A primeira vez
Que a vi
É todo dia
Quando volto
A me apaixonar.
Minha'lma.
Perdoe seu menino, mãe,
Conceição me envenenou.
Foi dando seu leite preto
Negro fez de mim seu filho
Desde então escondo isso
Embaixo da pele branca.
Esse preto que eu sou.
E quando olho o espelho
Juro, nunca reconheço
Quando um branco de lá me olha
Perguntando quem sou eu.
Sempre olharam diferente
Meus irmãos, e não me viam
ao contrário do que são.
Meu oposto perto deles
Tão morenos, nem distante
Mas oposto do que pensam
Eu sou trevas, não sou luz.
Com todo o ódio do mundo...
O que eu faço
Com todo ódio
Do momento (que tenho)
Vazios
Os corpos vazios
De amor
Ressoam suas
Solidões.
O sexo vazio
Do outro,
Masturba-se usando
Outro corpo.
E a casualidade
Esvazia
Aquilo que ambos
Sentiam...
Sentiam???
Senti,
Passado,
Pretérito do presente.
Sinto muito.
Lamento.
Foi coisa de um só... ...momento!
Autoretrato em 3X4
tese de meu pai,
anti-tese de minha mãe.
eu sou um abismo escuro e profundo.
talvez não...
(mas você nunca vai saber se não saltar.)
sou fácil,
difícil.
sou sim. não sou.
sou as vezes,
mas nunca sou.
sou quente,
as vezes frio;
nunca morno.
estou sempre perto,
ou talvez distante,
mudando de acordo com o seu referencial.
sou norte,
(mas meu olhar sempre se perde ao leste, no horizonte de onde a lua vem.)
sou calmo,
paciente
e quero tudo pra ontem; de manhã.
sou teimoso.
perdôo sempre,
mas também odeio mortalmente,
pra sempre;
pelos próximos quinze minutos.
sou absurdamente racional,
e racionalmente incoerente.
sou verso e prosa.
estribilho
e refrão.
sou poema concreto.
sou ponto,
vírgula,
ponto e vírgula,
dois pontos,
interrogação,
exclamação.
fecha aspas.
sou irritante,
insuportável,
eu sou terrível.
sou doce;
meio amargo.
eu sou amor da cabeça aos pés.
sou homem,
sou arte,
sou marte!
ahh... sou.
sou enlouquecedor,
e a coisa mais calma do mundo.
nem penso. pulo no fogo pra buscar um amigo.
sou branco,
ariano,
preto e negão.
as três coisas que mais amo cabem em embalagenzinhas de 1.49m a pouco mais de 1.80m.
e todas elas ainda em fase de crescimento.
detesto jiló.
só como quiabo por causa do meu orixá
(ainda bem que ele não me pede pra comer com frequência, nem puro.).
sempre morro de saudade;
mas nunca,
nunca,
nunca admito.
sou um hipogrifo num embate mudo contra uma esfinge.
a vida pra mim nem sempre é uma questão;
decifro-te.
devora-me,
não tenho medo de mordidas,
nem de morder!
vou viver muito,
muito,
muito.
muito mesmo!
até quase encher o saco.
ou não precisar levar saudades de você,
pois tive uma vida feliz.
adoro hamlet.
Pretérito mais que perfeito.
Amar verbo
Intransitivo
Pessoal e direto.
O amar não
Transitório
Sem suspiros
Peremptórios,
Flui em versos,
Poemas neste
Rio avesso
Onde a foz
É só o começo.
Do olhar,
Do desejo,
De apenas amar.
Introspecção
Eu retorno ao espelho,
Onde um dia me vi.
Onde um homem me aguarda,
Me sorri, gentil, sou eu.
Calo as dúvidas e vou trabalhar.
Amor e ponto final.
Um último poema,
Falando de amor.
Usando meus versos,
De rima e de dor.
Eu faço quadrinhas.
Desde a minha infância,
Brinco poesia,
Nen perco a esperança.
Amor é escolha,
Também é derrota,
Amar cria vida,
Não cria lorota.
Amor não é sexo,
Nem sexo é poder.
Amor é saudade,
E às vezes fuder.
Amar é entrega,
Também é aposta.
Se não for assim,
O amor é uma bosta.
Se fala em saltar,
De um precipício,
Eu falo de amor,
Meu nome é...
Prazer em te conhece meu TUDÃO!!!
Perigo! Perigo! Perigo!
É o trem que chega na estação.
_Não vai doer nada...
O joelho treme,
A perna se indica para frente
o corpo levemente se inclina.
Uma criança passa correndo
Não!!!
O corpo recua horrorizado.
Tenho cinco crianças dentro de mim.
Todas perigosas.
Luna Nera
Minha pequena lua negra,
quarta-feira, 4 de novembro de 2020
M.O.R.T.E.
A cada dia morre um pouco de mim...
Só um pouquinho.
De vagarinho...
Quase esquecendo de morrer.
Morte.
Mauricio Ferreira.
Eu sempre sonhei em morrer
No dia do meu aniversário
Como quem paga uma conta
Ou encerra um crediário
Em um círculo que se fecha
Morrer, sem nada dever.
Morrer fazendo uma festa
Morrer, simplesmente morrer.
No dia do meu nascimento
Saindo da morte passada
Representa o arco da porta
Pela qual volta-se ao nada.
Morrer, e de novo nascer
Viver, amar, respirar.
Querer uma vida melhor.
As vezes morrer é sonhar
Alívio cômico.
Sorte no jogo,
Azar no amor...
Pooooorra!!!
Eu vou ganhar na mega sena da virada sozinho!!!
Uma certa Adrianinha
Imagino seu nome,
E você no meu quarto,
Nas noites de chuva.
Pai, posso dormir com o senhor?
_Tô com medo.
E lá fora os raios estrondam,
Raivosos,
Furiosos de si,
Brigados com o mundo.
Aqui dentro,
O edredom a abraça,
E sua mãozinha agarra
Minha barba,
Uma âncora,
No mar bravio,
Meu amor.
Filha de pai,
Só pai?
E a mãe onde está?
Não importa o mundo,
Que se dane o impossível.
Nós vamos nos encontrar,
Pois a vida é precisar,
É querer...
...e amar.
Durma bem Adrianinha...
Esperando Adriana
O tempo passa,
E te espero.
Em cada segundo,
Se possível,
Penso.
Em teu cheiro,
Tua pele,
Teu sabor...
(Em todas as mordidas que juro vou te dar)
Em te sentir aos meus braços,
Te aninhar no meu colo,
Ser teu porto seguro,
Nas noites de tempestade.
Te dizer baixinho, sussurrando,
Quando ouvir teus soluços,
_Vai dar certo.
_Eu estou aqui.
Te dar de comer,
Cozinhar? Só pra você.
Quero lavar suas roupas,
E brincar de casinha.
E quando cresceres,
Te fores embora,
Que eu tenha sido
Teu pai e tua mãe.
E tu? Minha pequena Adrianinha.
A mulher imaginária
Ele a criou perfeita,
Uma pequena deusa de ébano
Ou uma rainha africaninha.
Ele a fez em poemas,
Versos, rimas, prosas,
Sem dilemas.
Falava da perfeição,
Daquele corpo (Que para ele era perfeito mistério.)
Da mente ou da alma,
Um Pigmaleão.
E desses versos bobos,
Como troças de uma criança,
Fez o homem, nu de si
Nu de planos, sem esperança.
Abrir o peito para ela,
Sem retorno ou vaidade,
Sem qualquer coisa que o valha,
Sem passado ou maldade.
É desse amor impossível,
Fruto tenro, imaginário,
Ele provou, se lambuzou,
Daquilo que lá não havia.
E foram tão bem feitos, (Os planos.)
Que ele de fato acreditou.
E o que era uma mentira passou,
Por tanta fé depositada,
A se chamar de verdade.
Mas verdade não existe,
Nem rainhas coroadas,
Ou deusas de puro ébano.
(Nem marfim diga-se de passagem.)
Ela sentindi-se ultrajada,
Daquele que estava perto,
Mas nem sequer perguntou (Para ele.)
O que seria o correto.
Disse apenas o que queria.
E se foi.
E pronto.
E ele criou o seu mundo perfeito
De dois sujeitos imperfeitos.
Restou dor,
Sobrou agonia
Resultado de pouco amor
Ou de muita covardia?
Covarde,
Covarde,
Covardes os dois!!!
Covid-19
Porra, Covid de merda,
Por que, não me matou???
Não suporto mais sofrimento
Nem aguento mais essa dor!!!
Inspiração - re(IN)spiration
Inspiração
Mauricio Ferreira.
dói.
quando respiro.
então respiro devagar.
bem baixinho...
bem baixinho...
pra ninguém jamais notar.
re(IN)spiration
Mauricio Ferreira.
It hurts if I breathe.
But I breathe - very slowly.
Quietly, quietly, gently…
Why can't she look at me?
terça-feira, 3 de novembro de 2020
O navio errante
Eu, em meu barco de lata,
Navio errante, a te procurar
Singrado mares, nossos lares,
A noite em bares a te procurar,
Eu, capitão solitário,
Navego o mundo,
A te procurar.
A noite, por entre as brumas,
Espumas do mar,
Sonho te encontrar;
E o o dia resurge ao longe,
Você se esconde, fada do mar.
E eu capitão cansado,
de noites sonhadas,
Vidas solittárias,
Amores perdidos,
Volto a navegar.
Um dia a tua bússula
me há de apontar,
E eu capitão do navio,
Serei o teu porto - seguro
onde um dia há de chegar.
segunda-feira, 2 de novembro de 2020
Fernando Mauricio Pessoa Cardoso
O poeta é um fingidor
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que leem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
E aqui, eu depois de ti
Me enFenrando em tua pessoa,
Deixando assim o que sofri,
Chorando a vida a tôa.
Meu verso, teus versos tomados,
em rimas atemporais ,
Escondemos a dor tão calados,
Que fingimos que somos normais.
Esquartejado
Eu, um homem em pedaços,
Todos salgados no chão,
Para que aqui nada floresça
Pois só se plantou solidão.
E meus braços,
Sem abraços,
Minha alma,
Sem paixão,
Teu amor é uma navalha,
Sempre cega.
Mas cortou meu coração.
Amor, opus 231.
Seu amor é,
Betoneira,
Descendo
Sem freio,
A minha ladeira
Rumo ao que parece,
No fim da rua,
Mal dá tempo de doer.
Dor
É incrível a capacidade de sentir dor que desenvolvi ao longo da vida.
Por conta da culpa que sinto por coisas que nem fiz, me fizeram. Por
conta da vergonha. O fato é que entrei em uma relação de extrema dor
pois dei a ela o poder para me humilhar e arrasar o quanto ela quis pelo
tempo que permiti.
Essa é a melhor definição do que me
aconteceu. Eu permiti. Embora tenha tentado desesperadamente reparar meu
erro, e perdoar os dela, a única coisa que consegui me mantendo naquele
lugar foi chegar a um fundo de poço absolutamente assustador, onde a
morte era um apelo e saída dessa dor atordoante. Morrer é apenas uma das
soluções possíveis. Não é um ato de covardia, mas de coragem
extraordinária. Tirar uma vida para uma pessoa de caráter é algo que lhe
será cobrado pelo restante de sua vida, porém tirar a própria vida gera
uma cobrança brutal entre os instantes da decisão e a conclusão de sua
execução. Digo isso por ter chegado várias vezes próximo da conclusão
durante esse período.
Esse texto que concluo agora, dias depois de iniciado, é para me lembrar que eu posso escolher. Eu sempre terei escolha.
Um dia escolhi amá-la. Amar de uma forma tão imperativa que tudo que desejava era que o mundo a amasse e a visse por meus olhos.
Hoje
escolho me amar. E quero tão somente me ver e me admirar pelos meus
olhos. Reencontrar-me e trilhar o caminho que deveria ter sido o meu,
mas que por conta de escolhas do passado foram caminhos de outros, de
outras. Hoje não quero agradar. Não sou agradável. Não sou disponível.
Não sou fácil.
Hoje sou eu.
Dor e horror.
Coração por que tu dóis,
Eu sofro por dor e horror,
Por aquilo que batia,
Que disseram chamar-se amor.
Coração tu se perdeu,
Perdi-me, não sei donde estou,
Se me olho no espelho,
Não mais sei se esse eu sou.
Coração o que faremos,
Eu não sei o que responder,
Não me sinto mais seguro,
Poetas só pensam morrer.
Coração te desesperas,
Sim quebrei e sangro em dor,
Tudo isso por aquela,
Que foi Lua e o meu amor.
A letter to Erika
Dear Erika,
I don't know your last name, your adress, nor your phone number. I haven't any means to contact you, to talk with and to you. So I write this letter as a message in a bottle thrown overboard, wishing the tide take it to you.
I'm writing on my solitude, not to defy, not to blame you, but to thank you for protecting someone I loved most, even more than my own existence. Because I'm in a forever debt on her. You protected with you attention, with your expenses, with your body and with your love. I haven't means to thank you enough.
But I'm also sad because of this triangle. Because of the pain we inflicted to each other for this love. And again I have no means to say how sorry I am. I just can desire you peace, love and wish you always the best.
I wish the tide one day take my feelings to you.
With all respect, love and gratitude.
Mao.
Nu com a minha dor.
Fico só, no escuro, chorando
Nu com a minha dor,
Sentindo, pensando, sofrendo
Por tudo o que se passou.
E a poesia resurge
Das cinzas daquilo
que, um dia, eu julguei amor.
E eu tão nu de mim, mesmo
Desnudo do seu amor.
Horror, horror, desespero.
Chorando oque se acabou.
Valer a pena...
Desculpe-me, mas eu não valho a pena. Não valho o esforço nem a dor que posso proporcionar. Desistir é o melhor caminho para você. Sei disso por ter fugido de mim mesmo por tantos anos. Por ter fugido da dor, do esforço. Aí eu recomeçava sem o peso da outra pessoa. E assim foi até o dia que desisti de fugir por achar que valia pena apesar da dor.
Você sabe bem, pois estava lá me apoiando. Se sobrevivi foi por sua causa e por isso sou extremamente grato e devedor.
Mas essa noite foi tão insuportável para mim que não dormi. Tive febre a noite toda. Sozinho. Só e somente eu com minhas dores físicas e emocionais. Desculpe por todo o ressentimento que criei em você o qual você não soube trabalhar e agora vejo o quanto tudo isso pesou em tudo o que aconteceu quando você do nada me lembra disso.
Desculpe.
Minha incapacidade de ser feliz gerou isso e fui vítima daquilo que criei. Tudo é tão doloroso pra mim que sinceramente no estado que estou eu diria; Fuja, não vale a pena correr o risco de sofrer, pois eu sofro quando você diz que não sabe o que aconteceria se ela surgisse do nada no Brasil... Posso apenas falar por mim, da minha experiência. Quando ela surgiu para mim, em uma ligação, querendo me encontrar só me ocorreu dizer não. Não quero. Não temos mais nada a falar. Eu estou feliz onde estou.
Eu estava feliz com você.
Agora sou apenas uma ferida em carne viva. Sou uma fratura exposta. Sou dor, dor, dor. Eu não valho a pena o trabalho. Não valho a pena, não valho o risco e nem teu sacrifício. Eu falei ontem que sinto falta de contato físico. De tocar, sentir e cheirar. Sinto falta de um corpo junto ao meu. Sinto falta de compartilhar calor. Sinto falta de cheirar cabelos, de fazer cafuné... Mas eu não valho a pena. Sou o homem deixado de lado no dia 14 de fevereiro de 2019 às 11:05 p.m. Sou um homem abandonado agonizante numa cama, sozinho em cinco de setembro enquanto você se divertia. Sou um pedaço de carne, velha que perdeu serventia, perdeu o sabor, perdeu companhia...
Eu não valho a pena pois em toda essa noite de ressentimento e dor eu queria sangue, queria vingança. Queria retorno... Queria te usar. Te por no outro quarto e economizar meu dinheiro usando você... Desculpe, mas não quero isso. Não quero sentir o cheiro nem o gosto do teu sangue. Não quero ser o Maurício ressentido que lança seu cão feroz chamado Marcelo sobre quem quer que seja.
Oh, como dói amar dessa forma.
Queria que todos os sentimentos passassem como quando você estava fora com ela. Quando eu somente sentia paz pela sua segurança e gratidão por ele que lhe proporcionava isso para mim. Queria que você não tivesse voltado e exposto toda a sua covardia e maldade. Esse lado biltre, abusador... Como dói e eu não sei como parar. Por isso não valho a pena, não valho o seu sacrifício nem o tempo que você vai levar para diminuir minha dor.
O preço talvez seja alto demais. Ele é alto demais. É tudo que você tem, tudo que você é para mim, para sempre Até o dia que eu acreditar que você está aqui de verdade. Toda, inteira. Você me salvou uma vez dela, mas será que você vai ter forças para me salvar de você? Fugir é tão mais fácil e segura que vou compreender. Talvez ela te aceite mais facilmente e talvez então ela valha mais a pena do que eu...
E assim quem sabe eu esteja livre pra achar alguém que um dia me diga o que você não me disse esse ano; que eu valhia a pena e o risco de podermos sonhar uma vida juntos.
domingo, 1 de novembro de 2020
Leia o texto do link e não apenas a resposta.
https://medium.com/@sviaviolett/43d42e5dcc47
“Nem todo branco é racista”
Toda pessoa negra, sem excepção, já alguma vez ouviu a frase: "nem todo branco é racista". Frase essa usada em tom acusatório para denunciar o suposto extremismo das pessoas negras na luta contra o racismo.
Enquanto
mulher negra, sei que quando se faz uma critica ao sistema ela não deve
ser pessoal. Tendo eu noção que o racismo é, deliberadamente, um
problema estrutural, não uma opinião de cerca de meia dúzia de pessoas
racistas, generalizar não é uma critica pessoal, é uma crítica ao
sistema.
Pessoas brancas produzem o racismo de forma consciente e
inconscientemente o tempo todo, mesmo sem o saberem, dizer que todo o
branco é racista não é uma crítica pessoal, é todavia uma critica ao
sistema que privilegia um grupo de indivíduos dependendo da sua raça. Eu
também costumava achar radical colocar todos na mesma caixa, até
entender como se dá a construção do sistema. Quando a opressão passa a
ser o normal nas sociedades, todos os nascidos nela cooperam em algum
grau, então é parte dessa desconstrução reconhecer isso, ou seja,
racismo não são apenas atitudes hostis direccionadas a negros, é todo um
conjunto de factores que reforçam a superioridade de uma raça em
detrimento de outra.
Vivemos num mundo em que o sistema racista
afirma e reafirma todos os dias que pessoas brancas são superiores às
negras, este sistema funciona de forma totalitária para que todos os
brancos, sem excepção, tenham privilégios, então já está mais do que na
hora de nos consciencializar e parararmos de usar o "mito do branco em
excepção" para invalidar as vivências das pessoas negras.
Ao ler seu texto, Sávia, quis pela primeira vez comentar uma postagem na página Biblioteca Preta Africana. Na verdade passei o dia inteiro pensando em responder ou não. Participo passivamente da página pois tenho consciência de que este não é o meu local de fala e sim de silêncio e aprendizado. Deste modo decidi fazer uma resposta retórica, sem direito a receber qualquer réplica pois neste espaço pouco ou quase nunca frequentado por terceiros, as minhas palavras tem por finalidade ressoar meu pensamento.
Sávia, concordo. Nem todo branco é racista; infelizmente temos alguns que são apenas grandes filhos da puta. O fim do racismo infelizmente não acontecerá por um milagre da conscientização social desta sociedade branca, patriarcal, misógina e homofobica que se reproduz em preconceito racial desde a chegada do primeiro homem escravizado ao continente. Esse despertar intelectual deverá acontecer individualmente ao que parece. Gota a gota, homem a homem.
Tive a sorte, ou azar de ser o filho que por conta da morte do pai, menos desfrutou dos privilégios de estudar em uma escola particular e por isso mais tempo permaneceu em uma escola pública por mais tempo que os outros. Nasci loiro e de olhos azuis, numa família de morenos. Essa diferença muitas vezes era transformada em provocações de meus irmãos mais velhos e desse modo sempre fui desajustado em grupos por ter uma certa síndrome de diferente.
Como disse estudei em escola pública, porém ao final dos anos 60 e início dos 70, o público desse ambiente é distinto do que hoje encontro como professor de artes da rede municipal no Rio de Janeiro e em Nova Iguaçu. Em minha sala éramos todos brancos sem exceções, até na exceção. Digo isto pois o unico menino de comunidade em minha sala era um garoto sarará miolo. Ele, filho loiro numa familia preta também era vítima de bulling famíliar numa intensidade que não posso mesurar. Mas ambos numa sala de crianças de cabelos pretos nos identificamos imediatamente e travamos amizade desde o primeiro dia.
Eu, com meus cabelos loiros escorridos tinha grande admiração pelo seu cabelo black com aquele volume e forma impressionante. Meu amigo para me ajudar trouxe-me seu garfo emprestado e me explicou como fazer para meu cabelo ficar igual. Após uma semana devolvi o garfo aos prantos pois meu cabelo não prestava para nada e imagino que em solidariedade ele nunca mais falou sobre o assunto comigo.
TEXTO AINDA NÃO FINALIZADO.
Resposta a um facista, em 12 de março de 2017.